Performances “gospel” de artistas seculares chamam atenção no Grammy
Quem ligou a televisão na madrugada desta segunda (29), deve ter se surpreendido com o tom político e religioso da premiação da 60º Grammy Awards. Os gramofones dourados foram distribuídos para os melhores de 2017, segundo a crítica.
Apesar de haver categorias específicas para os artistas gospel, algumas das apresentações dessa noite foram marcadas pelo reflexo da fé contemporânea, em um mundo onde aumenta o número de pessoa que dizem ser crentes, mas que não estão ligados a nenhuma igreja.

categorias de rap: Melhor Álbum, com “DAMN”, Melhor Performance e Performance de Rap Cantado, com “Loyalty”, Melhor Canção de rap, com “Humble”, que também levou a de Melhor Videoclipe. Ele também concorria em outras categorias como a premiação máxima da noite, Melhor Álbum do ano.
Foi Lamar quem fez o primeiro show da premiação, cantando um trecho de “XXX”, música do disco “Damn”, com participação de dois integrantes do U2: Bono e o guitarrista The Edge. Em seguida, cantou “DNA”, acompanhado de dançarinos vestidos de soldados e falando sobre as dificuldades pelas quais os negros passam desde o nascimento. Terminou com “King’s Dead”, desta vez com os dançarinos vestidos de vermelho, que caiam no chão conforme o rapper simulava atirar para o alto.
Nas letras de suas músicas há menções a Deus, Jesus e algumas ideias presentes nos evangelhos. Ele se comporta de modo similar a Bono, que afirma ler a Bíblia e pregar o evangelho com sua música, mesmo que ela não seja considerada gospel.
Quando sua apresentação com o U2 foi ao ar, eles tocaram a música “Get out on your own way”, de seu novo álbum. Em certo momento, Bono usou um megafone para parafrasear o Sermão do Monte, dizendo frases como: “Benditos sejam os valentões, porque um dia eles terão que se defender sozinhos”.
A cerimônia do Grammy durou quatro horas e teve vários momentos de protestos políticos, com referências aos movimentos #MeToo e #TimesUp, que combatem as agressões sexuais a mulheres no meio artístico.
Quem também fez uso do branco e de um coral gospel foi Kesha, que entoou a canção “Praying” [Orando], que fala sobre o abuso sexual que ela sofreu.
Independentemente do gosto musical ou da opinião sobre os artistas, o fato é que a cerimônia deste domingo mostrou que o crossover da música gospel com a música secular está alcançando um novo patamar e isso ficou refletido na maior premiação musical do planeta.
Esta geração parece ver a espiritualidade sem religião como um caminho a ser explorado, exigindo da Igreja nova formas de responder a antigas questões.
Fonte: gospelprime