No Natal sem muros de alguns brasileiros, o convívio com refugiados foi um presente
No mundo globalizado, nem tudo é integração. Os refugiados que o digam: Obrigados a deixar seus lares em decisões quase sempre emergenciais, de vida ou morte, muitas vezes encontram portas fechadas e muros que os separam da possibilidade de construir uma nova vida.
Algumas várias portas se abriram neste ano, porém, o espírito natalino teve sua parcela de incentivo. Estimulados pelo projeto Meu Amigo Refugiado, brasileiros de diversas cidades prepararam ceias caprichadas para receber refugiados das mais diferentes origens. Só no Brasil há 8,8 mil refugiados, e mais de 28 mil solicitam refúgio no país, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
“A gente ficou bastante ansioso pra conhecer aquela mulher que vinha de bem longe pra passar um dia com a gente. Olga, que depois descobrimos se chamar Bela Margarida Kalala Olga, vinha com seu filho Roberto, nascido há sete meses no Brasil. Uma criança radiante e risonha”, afirma Daniele Krugets, 33, que, junto ao marido Andre Motta, 35, autores do blog Viagem Criativa, e a amigos, celebraram o Natal com os angolanos Bela e Roberto.
Diferentes línguas e hábitos culturais dividiram o mesmo teto e mostraram a riqueza da convivência. Segundo Daniele, Olga lhes contou que mora com a irmã há um ano no Brasil e o marido está em Angola, esperando para se juntar a eles. O pai morreu em um conflito no país.
“Embora venha de um país de língua portuguesa, foi alfabetizada em francês e a comunicação verbal se tornou um pouco difícil. Mas nos demos muito bem, trocamos presentes, abraços, e dava pra sentir o clima de felicidade coletiva daquele dia mais que festivo, já que também era aniversário dela.” Naquele dia especial, Olga completava 23 anos. “Comemos, sorrimos, bebemos, trocamos presentes e saímos com o espírito renovado, e uma ansiedade para ajudar outras pessoas, para nos ajudar e para tentar fazer diferença nesse mundo.”